NOTAS SOBRE A RAIVA: CLÍNICA GESTÁLTICA E USOS DO CORPO

Resumo

A raiva é uma das cinco emoções humanas básicas, passível de manifestação imediata em uma situação, uma emoção é uma preparação para a ação. Contudo, as manifestações comportamentais da raiva são geralmente percebidas como negativas, associadas a falta de controle, violência ou falta de educação. A raiva tende a ser reprimida desde a infância e com o passar do tempo, ao invés de dar espaço à emoção e regular a resposta, tendemos a suprimir a emoção. Os autores fundadores da Gestalt-terapia (Perls, Hefferline e Goodman, 1997) consideram que a raiva contém os três componentes da agressão: a destruição, a aniquilação e a iniciativa. Nesse sentido, a raiva é fundamental ao processo de crescimento e desenvolvimento, imprescindíveis ao self saudável. A partir da teoria do self é possível estabelecer uma leitura acerca da raiva, bem como dos efeitos da interrupção no fluxo de contato e awareness que acontecem quando a raiva é reprimida e suprimida. A determinados grupos humanos a raiva é ainda mais negada e sua manifestação acirrará a violência como mecanismo de controle. Esse trabalho discute a raiva como emoção, recupera o tema na literatura gestáltica, aponta os efeitos da interrupção e negação e, por fim, aponta para a clínica gestáltica e os usos do corpo como locus de acolhimento à raiva e suas manifestações, como produção revolucionária do cuidado de si e de outrem.