Editorial
Resumo
Este é um Editorial diferente, pois traz um “que” de transição, de mudança (porque não, de despedida),
mais especificamente da função prevalente de Editor-Chefe de um periódico que – temos certeza – fez sua
história, faz parte da história e, certamente, dará continuidade a esta história; além de ser já protagonista
da construção de um espaço de debate em torno de um dos mais relevantes movimentos de pensamento do
século XX, que é a Fenomenologia.
Ao longo de 16 anos – de 2007 a 2022 – labutamos (ao lado de tantos colaboradores importantes, como
editores, revisores e autores) na direção de construir, edificar, solidificar e qualificar, um periódico científico
que acolhesse tanto as demandas da Psicologia, e mais particularmente, de um importante e ativo grupo
(aqui claramente representado no próprio título do periódico) que é a Gestalt-Terapia; quanto as correlações,
interlocuções e entrelaçamentos com outros campos do saber, notadamente da Filosofia e Psicologia.
Assim, pois, desde o convite inicial, em meados de 2006, para assumir a gestão do periódico1,
vislumbramos um projeto inteiramente novo que, acreditamos, conseguiu ser realizado a contento e ter
sucesso, particularmente pelo fato deste ser um periódico não vinculado a instituições de ensino superior,
ou seja, por protagonizar relativa “independência” ao contexto acadêmico clássico, e estar associado a nichos
que, tradicionalmente, não gozam de um grande destaque acadêmico, como são o caso da Gestalt-Terapia e
da Psicologia Humanista como um todo.
A Revista da Abordagem Gestáltica (RAG) – que com esta denominação completa 16 anos – tem uma
história anterior que remete à maturidade de um campo, com já 28 anos de caminhada. Relembremos: A
RAG nasceu no âmbito da tradição da chamada “psicologia humanista”, mas mais especificamente vinculado
aos Encontros Goianos de Gestalt-Terapia, um dos mais antigos e tradicionais eventos de Gestalt-terapeutas
do Brasil – evento este ativo e ininterrupto, anualmente, desde 1995 (Andrade, 2004) – e que trazia em seu
bojo, a publicação de um conjunto de apresentações, com o nome de “Revista do Encontro Goiano de Gestalt-
Terapia” (acompanhado da numeração específica, até o ano de 2005.
Os Encontros Goianos acontecem sempre no primeiro semestre, notadamente no mês de maio e,
concomitante a estes, já traziam uma publicação referente. A primeira sugestão que demos foi na direção
de compilar, ao máximo, textos completos das apresentações do Encontro (naquela época, ainda tínhamos
uma certa relevância para os chamados “Anais Completos”), como sendo os Anais do XII Encontro Goiano da
Abordagem Gestáltica e I Encontro de Fenomenologia do Centro-Oeste. Percebemos, todavia, imediatamente
depois – apesar do fato do volume primeiro de 2006 ter reunido textos de excelência – que o “modelo” de
Anais Completos estava perdendo força, e tiraria a potência que a possibilidade da publicação de “artigos
científicos” teria.
Uma pausa, aqui, da máxima...