TRABALHO, AÇÃO E LIBERDADE EM HANNAH ARENDT: REPERCUSSÕES PARA A PSICOLOGIA FENOMENOLÓGICOEXISTENCIAL
Palavras-chave:
Psicologia; Fenomenologia; Trabalho; Ação; LiberdadeResumo
Diante da complexidade da sociedade contemporânea, a obra de Hannah Arendt fornece à psicologia fenomenológico-existencial ferramentas intelectuais para compreender as lógicas que permeiam o mundo do trabalho e suas repercussões nas subjetividades. Este artigo objetiva dialogar com a conhecida diferenciação entre trabalho, obra e ação através da qual a filósofa analisa o fazer humano na vida ativa. Busca-se enfocar a argumentação da pensadora, segundo a qual a redução da atividade da ação na era moderna implica em prejuízos em diferentes âmbitos, acarretando a diminuição da liberdade e da expressão da singularidade. Para isso, evidenciase a compreensão arendtiana de liberdade e singularidade, enfatizando, nesse percurso, que a transformação de si e do mundo acontece coletivamente, entre co-agentes e expectadores, através de atos e discursos, complementando o fazer e dando-lhe sentido. Em via oposta, um mundo centrado no utilitarismo ou na satisfação de necessidades emergentes empobrece pessoas e sociedades em suas experiências. Nesse sentido, considera-se que a psicologia de cunho fenomenológico pode se beneficiar dessa discussão, ampliando a compreensão de diferentes fenômenos que permeiam sua prática. Deriva daí que intervenções psicológicas possam conferir especial atenção à dimensão da ação na sociedade e à forma como seu exercício possibilita transformações pessoais e sociais.